terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O Mahashivaratri, ou Grande Festival de Shiva - Sai Baba






O Mahashivaratri, ou Grande Festival de Shiva, ocorre entre fevereiro e março. É um dos festivais mais concorridos não só em Prashanti Nilayam como em toda a Índia, pelo seu significado transformador. 
Mahashivaratri é um termo sânscrito, composto dos vocábulos Maha + Shiva +RatriMaha: grande, importante; Shiva: na Trindade Hindu, é aquele que transforma; Ratri: noite escura.
Na Índia, onde os devotos de Shiva são inúmeros, costuma-se observar, todos os meses, o Shivaratri, dia dedicado a Shiva, na décima quarta noite da lua, ou seja, o último dia da lua minguante. Essa devoção inclui jejum e cânticos devocionais.
O Mahashivaratri é um grande Shivaratri. Grande porque nesse período do ano, que se situa entre fevereiro e março, o poder exercido pela lua (chamada lua negra), no último dia da minguante, é menor, em relação ao resto do ano. Daí a grande celebração.
  • Shiva
É engano pensar que Shiva, por caracterizar, na Trindade Hindu, o aspecto destruidor, seja um deus negativo inclemente, vingativo, sem compaixão. Shiva é o aspecto transformador de Deus. Ele destrói apenas aquilo que precisa ser transformado, transcendido, transmutado. Ele destrói para renovar. 
Por outro lado, é Ele quem elimina os pesados efeitos do karma, é Ele que tem o poder de cancelar nossos instintos arcaicos, animalescos, conservadores, purificando os pensamentos da nossa mente e impulsionando todo nosso ser em direção à Luz. É Ele que, com Seu imenso poder, destrói a ignorância do homem, extraindo o veneno do ego, para que se torne pacífico e dócil à Vontade Divina.
Shiva simboliza também a disciplina, por meio da qual podemos atingir a libertação (moksha) do ciclo de nascimento e morte.
  • Nomes de Shiva
Shiva também é conhecido como Shambho, Mahadeva, Shankara, Mahayogi, Mahakala, entre outros nomes. 
No Rig Veda Ele é denominado Rudra, termo que designa Agni, o Deus do fogo, aquele que tem o poder de queimar e destruir as paixões humanas e os sentidos físicos que atuam como empecilhos às percepções espirituais mais altas e sutis do Eu Superior. Rudra surge da combinação de Rude (em sânscrito, pecado) e Dravayati (que significa lavar). Assim, o processo de lavar nossos pecados chama-se Rudra. 

Quando representado na forma de dançarino, Ele é denominado Nataraja ou Shiva Nataraja, o Rei dos Dançarinos. 
Sua divina dança chama-se Tandava. Simboliza a manifestação do ritmo cósmico, a personificação do movimento do universo.
Enquanto dança, Ele dissolve todos os grilhões do ego que mantêm a prisão do Ser e promove a libertação.
“Shivaratri é observado a cada mês, na décima quarta noite da metade escura (da lua), porque a lua, que é a deidade regente da mente humana, tem somente mais uma noite para ser uma não-entidade, com nenhuma influência sobre as agitações da mente. No mês de Magha (entre fevereiro e março no calendário hindu) a décima quarta noite é chamada Maha Shivaratri (maha, grande). Ela é sagrada porque é o dia em que Shiva (Deus) toma a forma de Lingam, para benefício dos devotos. (...) Nessa noite, pratiquem contemplação sobre o Atma Linga, que é o Jyoti Linga, isto é, o símbolo da Suprema Luz da Sabedoria, e se convençam de que Shiva está no íntimo de cada um de vocês. Que tal visão ilumine a Consciência Interna de cada um. O ritual externo é recomendado para tornar explícita esta mensagem.” (Sai Baba).
  • O Lingam
Sai Baba mostrando o lingan materializado
Shiva é considerado um Deus da fertilidade. 
A junção de Shiva com sua contraparte feminina (shakti) Parvati, é representada pelo linga ou lingam (o falo) que, junto ao yoni (útero), formam uma unidade e promovem a dissolução da dualidade.
O significado literal do termo lingam é emblema, distintivo, signo. O lingam, portanto, é o emblema de Shiva, o símbolo fálico, a energia masculina universal, associada ao poder criador divino. Na Índia, cultuar o lingam e cultuar Shiva é a mesma coisa.
O lingam é representado normalmente em forma ovalada e, nos templos, costuma-se pendurá-lo num recipiente contendo um pequeno orifício no fundo, onde a água é derramada sobre ele incessantemente, em forma de reverência.

Na noite do Mahashivaratri, enquanto os devotos entoam cânticos devocionais, Sai Baba costuma materializar um lingam, que emerge naturalmente da sua boca. 
São momentos que emocionam e enchem de perplexidade os milhares de devotos que os presenciam.
  • Outros símbolos de Shiva
Os olhos entreabertos: mostram que Sua mente está absorta no Ser Absoluto, ao mesmo tempo em que Seu corpo olha e interage com o mundo.
A serpente enroscada em Seu pescoço: representa o ego que, embora venenoso, pode ser dominado e usado como simples adorno.
A lua enfeitando Sua cabeça:simboliza a memória, o ego.
A arma (trishula ou tridente):significa a destruição do ego e seus três desejos: fisicos, emocionais e mentais; significa também a transcendência dos três gunas (satva, rajas e tamas) ou dos três períodos de tempo (passado, presente e futuro).
O tambor (damaru): representa o som da criação; indica que todo o universo segue um ritmo e a uma ordem cíclica. 
O cabelo comprido: demonstra o Seu poder e a Sua grande energia concentrada na busca do conhecimento.
A água jorrando do topo da cabeça: simboliza o sagrado rio Ganges (conhecimento, amrita).
As cinzas que cobrem Seu corpo: são a queima da ignorância, de todas as ilusões e todos os desejos.
O touro Nandi: é o veículo de Shiva. O touro é o símbolo da sexualidade. Sentado sobre ele, Shiva demonstra Seu completo domínio sobre a natureza física.
O demônio debaixo de um dos Seus pés:representa a ignorância e a ilusão, a natureza inferior e animal do ego humano subjugada pelo poder da verdade em ação.
O pé esquerdo levantado do chão e apontando para cima: lembra-nos que devemos nos elevar acima da realidade física para obtermos a libertação.
Kamandalu (pote d’água): representa a renúncia, o ascetismo, a simplicidade (viver apenas com o essencial).
Colares e pulseiras de rudraksha (sementes): A rudraksha é uma semente sagrada que simboliza os olhos de Shiva. Os colares e pulseiras (malas) indicam a disciplina da mente pela meditação.

Os quatro braços: indicam Seu enorme poder de agir nos quatro planos da matéria.
A palma da mão à frente: é o gesto com o qual Ele afirma que não devemos temê-lO, pois na transformação está a solução dos problemas.
As neves do monte Kailasa: a brancura simboliza a pureza da mente.

O verdadeiro aspirante espiritual, aquele que se esforça para obter purificação e transformação interna, vê na comemoração do Mahashivaratri uma oportunidade de entrega, através do jejum e da repetição do Nome do Senhor, entoando mantras e cânticos devocionais.
A prática de cantar e louvar o Senhor, por si, já tem o poder de acalmar a mente inquieta. Essa mesma prática, realizada com fervor na noite em que a lua tem mínima ascendência sobre a mente, tem seu valor potencializado. Por meio dela, a mente pode ser pacificada, para que a Luz Divina possa penetrar sem a resistência do ego.
Da mesma forma que, para transformar-se em árvore, a semente precisa morrer, precisamos sacrificar nossas paixões, desejos e vontades do ego no fogo purificador de Shiva, para renascermos plenamente, como seres divinos que somos.

“Vocês serão imensamente beneficiados por se manterem acordados e cantarem a glória de Deus, pelo menos nesta noite. A Lua é a deidade que preside a mente. A Lua tem dezesseis fases (kalas). No Shivaratri, quinze fases já imergiram em Deus, e somente uma permanece. Pela constante lembrança de Deus, a décima-sexta fase também se funde em Deus. Não podem passar uma única noite, em todo o ano, cantando a glória de Deus? Santifiquem esta noite, participando dos cânticos devocionais (Bhajans). A Bem-aventurança que obtêm dos Bhajans, a doçura que experimentam com o divino nome, a felicidade obtida ao visualizarem a divina forma - estas não podem ser obtidas em outro lugar. Tudo é possível somente através do Amor. Assim, cultivem o Amor e santifiquem suas vidas.” (Sai Baba)
  • Mantras para Shiva
Entoados com concentração e fervor, os mantras dirigidos ao Senhor Shiva trazem em si uma grande força renovadora. Alguns desses mantras são:
Om Namah Shivaya (pronúncia: Om Namá Shivaia. Tradução: inclino-me diante de Ti, Senhor Shiva).
Maha Mruthyunjaya Mantra (considerado um mantra de alto poder de cura): 

Om Trayambakam Yajaamahe Sugandhim Pushti - Vardhanam
Urva - Rukamiva Bandhanan Mrytior Muksheeya Ma - Amritaat

(Pronúncia: Om Traiambakam Iajamarrê Sugandim Puxti Vardanam / Urvá Rukamiva Bandanam/ Mritior Mukxiva Mamritá. Tradução: adoramos aquele de três olhos, o Senhor Shiva, que é naturalmente perfumado, imensamente misericordioso e protetor dos devotos. Adorando-o, possamos ser libertados da morte por amor à imortalidade, assim como o pepino maduro facilmente se separa do talo que o prende. Por Sua Graça, esteja eu em estado de salvação - Moksha - e seja salvo das garras da morte terrível).
http://saibabadivino.blogspot.com.br/p/festivais.html

“O objetivo principal de todo Sadhana (esforço espiritual) é eliminar a mente para tornar-se A-manaska. Então, a ilusão desaparecerá e a Realidade será revelada. Durante a quinzena escura do mês, Sadhana deve ser feito todos os dias para eliminar uma fração da mente, pois, a cada dia, uma fração da Lua diminui. Em Chathurdasi (a décima quarta noite), a noite de Shiva, apenas uma fração da Lua permanece. Se algum esforço especial for feito nessa noite, por meio de Sadhana maisintenso e vigilante, como puja, japa, dhyana (ritual de adoração e meditação), o sucesso é garantido. Assim, deve-se meditar nessa noite, a cada mês, sem que a mente se afaste em direção a pensamentos de sono ou comida. Uma vez por ano, no Mahashivaratri, recomenda-se um esforço vigoroso especial de atividade espiritual, de modo que Shavam (cadáver) possa se tornar Shivam (Deus), por meio da conscientização de seu perpétuo Morador Divino. Dedique a vigília dessa noite de Shivaratri à Shiva presente dentro de cada um de vocês.”

Sathya Sai Baba

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